terça-feira, 28 de julho de 2009

PODER ATRAVÉS DA FRAQUEZA...

A Carta de Paulo aos coríntios é uma carta relevante, e altamente contemporânea para os cristãos do nosso tempo. Estudar esta carta é fazer um diagnóstico da igreja atual – é colocar um grande espelho diante de nós mesmos. O apóstolo Paulo plantou a igreja de Corinto no final da 2º viagem missionária. Nesta cidade Paulo passou 18 meses pregando a Palavra de Deus – At 18.11 e nesse tempo, ele gerou esses cristãos em cristo – I Co 4.15. Depois disso, Paulo foi para a cidade de Éfeso, na Ásia menor. De lá mandou esta carta para igreja de Corinto. Na verdade esta não foi a 1º carta que Paulo escreveu aos coríntios. Ele escreveu outra carta, porém, não temos conhecimento do seu paradeiro. Ele faz menção desta carta em I Co 5.9Por que Paulo resolveu plantar uma igreja em Corinto? Paulo era um missionário estrategista. Corinto era uma das maiores e mais importantes cidades do mundo, como também Roma, Éfeso, Alexandria.Razão geográfica - Esta cidade ficava bem próxima a Atenas, a capital intelectual do mundo. Banhada por 2 mares: Egeu e Jônico – lá estava um dos mais importantes portos da época, o porto de Cencréia. Então, esta cidade recebia gente de todas as partes do mundo. Culturas diferentes, intercâmbio cultural ocorriam nesta cidade. Por isso, evangelizar Corinto era plano estratégico, pois a partir de Corinto o evangelho poderia se espalhar e alcançar o mundo se sua época. Razão cultural - Corinto era também uma cidade importantíssima na área dos esportes. Lá havia a prática dos jogos ístmicos (de 3 em 3 anos), sendo somente superada pelos jogos olímpicos de Atenas. O mundo inteiro era atraído para lá para a prática esportiva. Na sua visão missionária Paulo não subestimava os jovens. Se Paulo vivesse hoje, ele encontraria meios de influenciar a juventude que vibra com o esporte. Ele buscaria meios de entrar com o Evangelho nos estádios, quadras, teatros, autódromos etc. Paulo fazia exegese tanto da Escritura, quanto da cidade. Razão Moral - Embora Corinto fosse uma cidade acentuadamente intelectual, era o mesmo tempo profundamente depravada moralmente. David Prior diz que, como a maioria dos portos marítimos, Corinto se tornou tão próspera quanta licenciosa. Talvez Corinto tenha ganhado a fama de ser uma das cidades mais depravadas da história antiga. A palavra korinthiazesthai, viver como um corintio, chegou a ser parte do idioma grego, e significava viver bêbado e na corrupção moral . Hoje vivemos em uma sociedade que adora o poder. Isto não é nada novo. A cobiça pelo poder tem caracterizado sempre o ser humano. Foi precisamente esta ambição que conduziu a queda de Adão e Eva, já que Satanás os tentou a desobedecer a Deus em troca de lhes dar poder. Esta sede de poder se expressa hoje em 3 ambições humanas: ambição pelo dinheiro, pela fama, pela influência. Esta cobiça está em todos os âmbitos: política, relações familiares, negócios e, lamentavelmente também aparece na igreja – na luta pelo poder eclesiástico, em disputas de denominações, no exercício da liderança, e em organizações para - eclesiásticas que pretendem converter-se em impérios mundiais. Se formos honestos, descobriremos que esta sede de poder chega ao púlpito. O púlpito é um lugar extremamente perigoso para qualquer filho de Adão. O ilustre político inglês disse: “O poder é mais intoxicante que a bebida e mais vicioso que as drogas”. Ainda no séc. XIX este político inglês que se opôs veementemente à decisão do Concílio Vaticano I de atribuir a infalibilidade ao papa disse: “O poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente”. O poder do Espírito Santo, também deveria nos preocupar no nosso meio. Por que queremos receber este poder? Este poder é para testemunhar, viver em santidade, para vivermos em humildade? Ou reflete o desejo egoísta de exaltar nossa pessoa, ampliar nossa influência e, impressionar e manipular os outros? Nossa única preocupação deveria ser a majestade absoluta do Senhor Jesus, e a honra de seu reino. O próprio Cristo não se aferrou ao poder que legitimamente lhe pertencia. Se Ele renunciou o poder, devemos fazer o mesmo! Marcos 10.42-45 Foi o filósofo alemão Nietszche que construiu todo um sistema sobre a premissa do poder. Queria um mundo dominado por governadores autoritários e opressores – no qual não havia lugar para seres fracos e débeis. Seu ideal era o super-homem. Nietszche adorava o poder e depreciava a Jesus por sua fraqueza. Ele que disse: “O evangelho morreu na cruz”. Mas para nós, a cruz é o poder do evangelho, a nossa vitória, nossa justificação e salvação! Não temos outra glória, a não ser a Cruz de Cristo - Gl 6.14.Ao contrário, o modelo que Cristo pôs diante de nós foi um menino. Por isso o tema desta mensagem: Poder na fraqueza. A fragilidade humana é o terreno no qual se manifesta o poder divino. 1. O poder de Deus se manifesta na fraqueza da mensagem: a Cruz Deus mostra sua sabedoria através da loucura da cruz. É na cruz, com toda a sua fraqueza, que Deus demonstra seu poder. Paulo nos versos 22-25 faz referência à perspectiva que tanto os judeus como os gentios tinham da cruz. Os judeus pediam sinais e milagres. Esperavam um Messias político que expulsasse as legiões romanas e restaurasse a soberania do povo de Israel. Cada vez que um líder “ revolucionário” dizia ser o Messias anunciado, os judeus lhe pediam sinais de poder. Por isso, uma e outra vez, faziam a Jesus essa pergunta: Quais são os sinais que fazes para que te creiamos? Mt 16.1 e Mc 8.11 - os judeus esperavam poder, não fraqueza. O Cristo crucificado era um tropeço para as expectativas judias, que imaginavam um líder cavalgando a frente de um poderoso exército. O que lhes oferecia o evangelho? O Nazareno crucificado, um verdadeiro insulto ao orgulho nacional. Como podia o Messias de Deus terminar sua vida crucificado, condenado por seus compatriotas e ainda debaixo da maldição de Deus - Dt 21.23. Os gregos por sua parte, esperavam demonstrações de sabedoria. Estavam treinados para escutarem cada nova teoria e comprovar se era lógica a argumentação. Se para os judeus a cruz era expressão de fraqueza, para os gentios era loucura. Para os gregos e romanos a crucificação era o método de execução mais humilhante. Cícero, o grande orador romano disse: “a cruz não só era alheia ao corpo de um romano, senão para sua mente, olhos e ouvidos”. Para ele, a cruz era algo tão horroroso que o cidadão romano não devia presenciar, falar e imaginar, alguém sendo crucificado. Em contraste com a percepção da cruz que tinham tanto os judeus como os gregos, Deus fez da cruz, o meio para mostrar sua sabedoria e poder. Cristo é o poder e sabedoria de Deus! Aleluia – I Co 1.24-25 Para aqueles que Deus chamou, a cruz não é fraqueza, mas poder . Não é loucura, mas sabedoria. Por meio dela, Deus tornou possível a salvação dos pecadores. Por meio dela somos livres da escravidão do pecado, livres da culpa, livres do juízo de Deus. Por meio dela, somos reconciliados com Deus! Havia em cera igreja um pregador muito alto, homem de grande estatura, que dominicalmente se levantava para pregar. Atrás do púlpito ficava um vitral muito lindo, onde tinha uma cruz desenhada. Num culto especial, a igreja convidou outro pregador, este com estatura mediana para aquela festividade da igreja. Quando o pastor da igreja se levantava as pessoas não conseguiam ver o vitral com a cruz. Mas nesse dia, com o novo pregador, os cristãos viram a beleza da cruz estampada no vitral atrás do púlpito. De repente, uma menininha chamou a atenção de sua mãe, dizendo: “Mamãe onde está aquele pregador que quando se levanta a gente não poder ver a cruz”? A pergunta daquela menina ecoa em nossos dias. Há um grande perigo do pregador se levantar e impedir que as pessoas vejam a cruz de Jesus. Muitos pregadores estão escondendo a cruz, em suas mensagens. Que Deus levante, homens e mulheres, que não tenham outra mensagem a não ser a cruz. Que não tenham outra alegria, a não ser a cruz. Que não tenham outro alvo, a não ser a cruz. Que não tenham outra bandeira, a não ser a cruz de Cristo! 2. O Poder de Deus se manifesta na fraqueza dos cristãos - I Co 1.26-31Deus não escolheu mostrar seu poder na fraqueza da mensagem (cruz), mas na fraqueza de quem recebe a mensagem - vs 26 -27. Não há evidência de sabedoria e poder entre os convertidos ali. São termos fortes que Paulo usa: louca, frágil, vis, desprezíveis – mas é nessa classe de gente havia atuado o poder de Deus. A estratégia divina não mudou. Deus segue escolhendo o que para o mundo “ não é” para desfazer o que tem pretensão de ser algo. E nos versos seguintes, Paulo explica porque o Eterno fez assim: Para que ninguém se glorie! Todo crédito pertence a Deus. Por Ele, e só por Ele, Jesus Cristo é para nós sabedoria, justificação, santificação e redenção. Justificação (passado) – Por Jesus, estamos em harmonia com Deus.Santificação (presente) – Através do processo diário, nos separamos deste mundo, de seus pecados, e nos aproximamos de Deus.Redenção (futuro) a redenção de nossos corpos, à glória futura. Estas três realidades são evidências do poder de Deus em nós por meio de Cristo. Em outras palavras, Cristo é a demonstração do poder de Deus nestes três fatos que se cumprem, respectivamente, no passado, presente, e futuro. Em nenhum sentido podemos atribuir estas realidades a algum mérito nosso. Tudo se deve a graça de Deus, através de Cristo na cruz. 3. Poder de Deus na fraqueza de quem prega – I Co 2.1-5 Deus elegeu a fraqueza e a loucura da cruz para nos salvar, e só os que se reconhecem fracos e débeis podem receber a mensagem da salvação. Agora o apóstolo agrega que o mensageiro do evangelho não tem poder senão em sua fraqueza. É importante ressaltarmos que fraqueza aqui, não significa pecado, ou algo semelhante. Paulo quer dizer que a sublimidade do evangelho é tão grande, a mensagem é tão poderosa, que ele não veio com ufanismo e autoconfiança para pregar esta mensagem, mas sim com temor, e grande temor - I Co 2.3.Esta confissão de fraqueza não é típica de nossos pregadores. Afinal, os pregadores de hoje são poderosos, famosos, lotam estádios... E qual deles demonstraria sinal de fraqueza? Que paradoxo com o apóstolo Paulo! Mas em sua fraqueza, Paulo recordava e recorria ao poder de Deus! Cada apresentação do evangelho envolve um encontro de poder entre Cristo e Satanás. E em cada conversão se demonstra o poder superior de Jesus Cristo! Isto é possível porque o Espírito Santo toma nossas palavras, pronunciadas com fraqueza, e com seu poder leva à mente, coração e consciência dos que escutam, para que possam reconhecer a verdade e crê! Aprendemos aqui, que somente o Espírito que traz a conversão aos pecadores! Somente ele revela a Palavra, e trabalha nos corações para que sejam tocados pela grandeza do Evangelho. Temos uma mensagem apresentada em uma cruz que expressa fraqueza. Esta mensagem é proclamada por pregadores fracos, cheios de temor e tremor. E é recebida por pessoas fracas, desprezadas pelo mundo. Agora, o principio do poder na fraqueza, alcança sua máxima expressão na pessoa de Cristo. Sendo Deus, não se aferrou a sua condição; pelo contrário, se esvaziou do seu poder e sua glória, e se humilhou para nos salvar. Depois de ser batizado por João, o Batista, Jesus foi tentado pelo diabo no deserto da Judéia. Ali, o diabo lhe ofereceu poder, Jesus Cristo o repeliu. Caminhou com firmeza e se dirigiu a Jerusalém e se entregou voluntariamente à máxima expressão de fraqueza e humilhação: a morte na cruz. Por isso, Deus o exaltou a mais alta honra. Se acompanharmos a João no caps. 4 e 5 do Apocalipse veremos uma porta aberta no céu. A primeira coisa que se vê desta porta aberta é um trono, símbolo do poder e soberania. È o trono do Grande Deus. O apóstolo João, continua descrevendo a visão e algo nos enche de assombro. No trono não somente reconhece a Deus em toda sua grandeza, há ali um Cordeiro “como sido imolado”. Se o trono é símbolo de poder, o Cordeiro tosquiado e sacrificado, é símbolo de fraqueza. Em outras palavras, ali, no trono de Deus, reina o poder através da fraqueza! Para sempre seja Louvado o nome de Jesus ! Amém

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